
Individuação
Pelo fato de o inconsciente coletivo representar a fonte do crescimento psíquico, Jung acreditava que um relacionamento funcional entre os níveis consciente e inconsciente da existência fosse vital para a saúde psíquica. Esse relacionamento funcional entre os níveis consciente e inconsciente da existência foi também concebido e descrito por Jung como o relacionamento entre o complexo individual do Eu e o arquétipo do Si-Mesmo (Self), um arquétipo de totalidade e inteireza, representado por símbolos que Jung encontrava continuamente nos sonhos e fantasias dos seus pacientes. Quando o consciente e o inconsciente, Eu e Si-Mesmo, Ego e Self, têm um relacionamento contínuo, Jung considerava que a pessoa poderia então consolidar um senso de sua individualidade única, bem como de sua conexão com uma experiência mais ampla da existência humana, tornando-a capaz de viver de um modo criativo, simbólico e individual.
O processo de chegar a esse equilíbrio psíquico, Jung chama de Individuação, um princípio e um processo que ele entendia como subjacente a toda a atividade psíquica. A tendência da psique de mover-se para a totalidade e o equilíbrio é um postulado fundamental da psicologia de Jung. Chamado diferentemente de princípio teleológico, intencional, sintético, construtivo ou finalista, esse princípio de que a psique tende para a totalidade e o equilíbrio contém igualmente o postulado tipicamente junguiano de que a verdadeira vida humana consiste de opostos que precisam ser unidos dentro da alma humana. O processo e o resultado dessa união de opostos é a habilidade de a pessoa formar para si uma personalidade individual unificada, coerente e, apesar disso, singular em profundidade e riqueza. A individuação, esse processo de tornar-se um indivíduo autônomo, pode ser entendida a partir de sua etimologia, isto é, o processo de tornar-se indivisível ou de tornar-se um consigo mesmo.
Um dos propósitos da análise, talvez o propósito da análise na visão de Jung, é ajudar no processo de individuação, particularmente em nível arquetípico. Jung considerava a individuação, da maneira como usava o termo, como em grande parte uma questão de desenvolvimento psicológico na segunda metade da vida, isto é, após a realização exterior da juventude e dos primeiros anos da vida adulta ter se tornado menos importante. Embora muitas coisas que não estejam estritamente centradas em facilitar a individuação, no sentido junguiano, possam ocorrer dentro da análise - por exemplo, a solução de problemas ou a simples compreensão empática - o objetivo mais alto da análise é, contudo, dar continuidade ao processo de individuação do paciente através da análise e da experiência dos símbolos e das figuras arquetípicas nos sonhos, de visões, da imaginação ativa e da vida cotidiana.
Para começar:
- "Adaptação, individuação e coletividade", OC 18/2, §1084-1106
- "Consciência, inconsciente e individuação", OC 9/1, §489-524
Para aprofundar:
- "Estudo empírico do processo de individuação", OC 9/1, §525-626
- "O simbolismo da mandala" , OC 9/1, § 627-712
- "O símbolo da transformação na missa", OC 11/3, especialmente parte IV, "Psicologia da Missa", §376-448
Obras Relacionadas
- "Presente e Futuro", OC 10/1, §488-588.
Texto adaptado de Guia para Obra Completa de C.G.Jung - Robert H. Hopcke

